segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Em Jabitacá...

De passagem por Jabitacá,  um simpático distrito do município de Igaraci-PE, tive o privilégio de conhecer o jovem professor Severino José, autor de muitos sonetos, poemas entre outras manifestações artistícas. A cada passeio, olhares  ao redor e conversas com o povo nordestino, principalmente com o "Matuto" percebo o quanto é imensa e rica a cultura desta região brasileira. Abaixo duas obras de Severino José:


SONETO AO BRASIL DA GENTE

Brasil de todas as raças,
De raça, alegria e amor,
De pretos, brancos, as massas,
Que o nosso índio pintou.

Essa mistura de cores,
Amazônia verde chão,
Têm vida, sonhos e há dores,
Se ferir o nosso pulmão.

Mata Atlântica, nosso ouro.
Nossa floresta um tesouro,
Que muitos querem roubar.

Não deixaremos de novo,
Ecoa o grito do povo
Quero ser livre e lutar.



EM BUSCA DA IDENTIDADE

Oh! Índio onde estás nessa multidão?
Tu te perdeste buscando uma civilização
O índio só queria a sua liberdade
Acreditou no sonho de ter igualdade
Acabou fumando um cachimbo da paz
Para ficar na moda e ser igual aos demais
Tentou ser moderno e "agriculturado"
Andar de roupa nova e um celular de um lado
Navegou na internet e perdeu o seu chão
Teve medo por ser índio e não ser cidadão
Até acabou morrendo de amor
Por perder-se de alguém que algo lhe jurou
Quantas ilusões perdidas tal qual fora Iracema!
Só Deus pode talvez entender seu dilema
Tua vida e tua raça são a tua riqueza
Era a tua cultura que mostrava a beleza
E na busca do ser, tentou ser o que não era
E o progresso acabou com a cultura mais bela
Onde ficou perdida a sua igualdade?
Onde ficou sua vida a sua dignidade?
Onde buscas agora a  tua identidade?


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Aconteceu de verdade. Será?!! Episódio II

Neste episódio, Zé Carocinho e Maria Galega relatam como planejaram a viagem rumo ao futuro...

Na semana seguinte iniciamos os preparativos para realizar a viagem.
Primeiro levantamos as nossas finanças, que resumia no restante da venda do “Raladinho”(Escort 1986), pois mais da metade já tinha sido gasto e três parcelas do seguro desemprego para receber. Após somar, subtrair, multiplicar e dividir as nossas economias chegamos a conclusão que conseguiríamos as passagens de ida e sobreviver por três semanas. Era o suficiente, a nosso ver, para conhecer a floresta Amazônica, realizar as provas do concurso e voltar à Maringá-PR. Com um detalhe, se não desse certo no Acre tentaríamos buscar alternativas nos estados que iríamos cruzar. Voltaríamos parando nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para tentarmos conseguir algum emprego. No nosso pensamento - se não conseguíssemos trabalho e a nossa finança zerasse - voltaríamos de carona.
Segundo pesquisamos hotéis, pousadas, custo de vida e companhias de ônibus que faziam esse translado, como não conhecíamos a região e não tínhamos nenhum contato para nos auxiliar se tornou mais difícil do que imaginávamos. Na época havia pouca informação sobre o estado do Acre na internet, conseguimos o contato de poucos hotéis e não encontramos nenhuma pousada. A primeira ligação realizada para termos mais informações sobre os hotéis, fez perceber o início das mudanças em nossas vidas. Um gostinho de novidade, descobertas, risos nervosos, tudo em um simples diálogo, mas complexo em suas diferenças, fuso horário, sotaque, a presteza do atendente eram apenas “aperitivos” para nossa transformação. Para pesquisar as empresas de viação que faziam essa rota, foi necessário ir até a rodoviária e ficar observando as rotas das empresas pintadas na parede ou nos painéis. Descobrimos que de todas as empresas apenas 2 realizavam essa viagem.
Terceiro e mais difícil, comunicar nossos familiares da nossa aventura ao extremo oeste brasileiro, que no início não acreditaram e consideraram um absurdo. Quando relatamos os planos e motivos da viagem Dona Ildis (mãe de Zé Carocinho) disse:
- Mas o Acre é tão longe e difícil acesso. Pode ser em Mato Grosso do Sul aqui no ladinho?!
- No fim da década de 1970 foram vocês que saíram em busca de um futuro melhor para nós. Lembra o que levaram a trocar Telêmaco Borba-PR por Camaçari-BA?!  Agora chegou a nossa hora de tentar sobreviver e conquistar espaço no mercado de trabalho e um futuro melhor para nossos filhos.
Após nossos argumentos perceberam que estávamos falando sérios e decididos.
Então na segunda-feira (02/02/2004) embarcamos no Terminal Rodoviário Vereador Jamil Josepetti com destino ao futuro de nossas vidas. Sempre nos perguntam o que moveu essa decisão. Sempre respondemos com a mesma convicção e ideais que nos movem até hoje, o espírito aventureiro, sermos “jovens”, não termos filhos e encontrar o nosso espaço neste mundo.

Não percam.
Em breve o próximo episódio Aconteceu de verdade. Será?!!

Abraços,
Zé Carocinho e Maria Galega