terça-feira, 17 de junho de 2014

#OcupeEstelita...

Desde o dia 21 de maio, manifestantes ocupam de forma pacífica e com diversas atrações artísticas o espaço do Cais José Estelita, localizado na região central de Recife-PE. A manifestação é contrária ao projeto Novo Recife, cuja obra será a construção de torres residenciais e comerciais no Centro Histórico de Recife. Os manifestantes solicitam a nulidade do processo administrativo que aprovou o projeto Novo Recife, que hoje é objeto de ações judiciais, cinco até o momento: uma civil pública do Ministério Público estadual, uma do Ministério Público federal e três ações populares.  
Na manhã desta terça-feira (17), policiais militares do 16º Batalhão com exagero uso de força (cães, cavalaria, bombas de efeito moral, balas de borracha e tropa de choque) iniciaram o cumprimento da reintegração de posse no imóvel do Cais José Estelita, expedida pelo juiz de Direito Márcio Aguiar. Desrespeitando assim, acordo firmado entre o Movimento #OcupeEstelita e a Secretaria de Defesa Social.

Informações acessem





terça-feira, 10 de junho de 2014

Ensandecido

O coração sombrio de um vagamundo
Está cheio de mazelas do mundo
O mundo está cheio de todo mundo
O coração de um amante sempre procura o vinho
Para atenuar em seu peito um verdadeiro moinho

O moinho procura girar para escutar o vento
O vento que sopra o hálito e a essência do silêncio
O silêncio que gira o mundo do coração solitário
Vem ensandecer até o ser mais humanitário
Sem conter um mísero momento de discernimento



segunda-feira, 2 de junho de 2014

Aconteceu de verdade. Será?!! Episódio XXVIII

Neste episódio Zé Carocinho e Maria Galega relatam como conheceram a Doutrina Santo Daime... Parte II

Professor F foi nos contando que todos vivem praticamente com o que conseguem produzir na comunidade através de artesanato, extrativismo, caça e agricultura de subsistência.
Na casa de dois pisos, totalmente de madeira e bem conservada, não havia ninguém, apenas as plantas que preenchiam a maioria dos espaços e um papagaio passeando entre a área e os galhos próximos. Nos acomodamos enquanto professor F colocava a mesa. Toda a alimentação foi leve, integral e caseira, consistia em pão integral, bolo com cereais e chá de folha de coca.
 Casa professor F. Foto: Wander Silva.


Casa professor F. Foto: Wander Silva.

Logo após a refeição fomos caminhar pela comunidade, professor F nos apresentava e explicava cada área da comunidade e grande parte das plantas com suas funções medicinais e uso culinário.

 Plantas. Foto: Wander Silva.

- Vamos conhecer o senhor A. Ele já está nos aguardando. Diz professor F apontando para uma casa suspensa rodeada por árvores.
No momento que vejo senhor A, um verdadeiro ancião, de olhos claros, com seus cabelos longos e grisalhos; alisava a barba enquanto guardava um livro de capa dura e aparência antiga. A casa era repleta de livros, discos de vinil e instrumentos musicais.
Senhor A estava tão curioso como nós. A conversa fluiu tranquilamente, e sem esconder nosso entusiasmo pelo mundo que se abrira aos nossos olhos contamos nossa história e interesse pela Doutrina Santo Daime. Professor F retirou do bolso um pacote com folhas e uma massa marrom acinzentada. Era folha de coca, hábito comum e milenar entre os habitantes da região andina.
Após horas de conversa sobre inúmeros assuntos, principalmente pelo estilo de vida na comunidade e a doutrina Santo Daime. Professor F nos sugere voltarmos para sua casa, pois em breve escurecerá. No caminho nos apresenta com orgulho os dois vegetais sagrados utilizados no preparo da bebida Ayahuasca: o Cipó e a Chacrona.

 Cipó. Foto: Wander Silva.


Chacrona. Foto: Wander Silva.

Caminhando em direção à casa do professor F, o próprio diz:
- Agora vamos tomar banho e nos preparar para o ritual que terá início a partir das 19h. Vocês podem tomar banho no igarapé ou atrás da casa há um biombo entre as árvores com água no tonel.
- Chegou o momento!!! Digo eufórico à Maria Galega.
- Vamos aguardar na área, enquanto isso brinco com o papagaio.
Adentráramos na Floresta por uma pequena trilha, após 10 minutos de caminhada surge aos nossos olhos uma casa semelhante ao Xapono (oca indígena para cerimônias) com um crucifixo duplo recebendo todos.


Cruz. Foto: Wander Silva.


Ao entrar no recinto nos deparamos com várias separações a meia altura. A direita temos o local para preparar o Cipó e a Chacrona para o Feitio do Santo Daime; neste local são separadas as Folhas e o Cipó é raspado e batido. 


Feitio. Foto: Wander Silva.


Na esquerda há um local destinado para o descanso com tapetes e almofadas. Há cerimônias que podem durar até doze horas, nesses dias realiza-se um intervalo de aproximadamente duas horas.
O centro continha dois altares. O primeiro, exatamente no centro dividia as pessoas por gênero - homens pela direita e mulheres pela esquerda, ao seu redor sentam-se os mais graduados.  


AltaresFoto: Wander Silva.

No segundo altar, encontramos a foto do Mestre Raimundo Irineu Serra,  a foto do Padrinho Sebastião Mota de Melo, discípulo do Mestre Raimundo Irineu Serra e diversos símbolos religiosos demonstrando a presença do sincretismo também na Doutrina Santo Daime.

Altar. Foto: Wander Silva.

Ao fundo, pelo lado de fora do Xapono, é realizado o cozimento e apuração da Ayahuasca e, por fim armazenado em garrafas de vidro.


 Garrafas. Foto: Wander Silva.

Neste ritual tivemos o privilégio de cantar todos os Hinos, ou seja, o Hinário completo no ritmo dos maracás. O Hino é a forma encontrada pela Doutrina Santo Daime de orientar, ensinar e fazer com que, cada ser abra o próprio espírito  preparando-o para a Miração, onde encontrará o seu Eu Superior. 
O ritual iniciou pontualmente 19:00h. Entramos no Xapono em fila indiana, sendo primeiro os homens e depois as mulheres. A fila dirigia-se diretamente ao lado do segundo altar, onde todos bebiam o seu primeiro copo de Santo Daime. Os homens se posicionam a direita do primeiro altar e as mulheres a esquerda. Os mais graduados sentam no centro e puxam a primeira sessão do Hinário. Em seguida têm-se Orações, outra sessão de Hinários e um momento em pausa silenciosa. Neste momento já sentia vibrações pelo corpo, iniciando pelos pés e pernas e aumento de temperatura. 
Toca-se um sino e a maioria se dirige para beber o segundo copo do Santo Daime. Eu e Maia Galega permanecemos em nossos lugares. Retomam o Hinário e me entregam um maracá. Fico surpreso com minha desenvoltura com o instrumento, pois era o primeiro contato com o mesmo. Após um longo tempo cantando iniciam outra sessão de Orações seguida de mais Hinários com uma pausa maior no final.
Neste momento estava praticamente em transe, um transe leve, pois estava consciente. Todo o tempo pessoas me perguntavam se estava tudo bem, o mesmo ocorria com Maria Galega.
Chegou o momento do descanso, a maioria parecia estar entre o estado de meditação e um sono leve, inclusive eu.
Ao retornar é servido o terceiro copo do Santo Daime, todos bebem com exceção de Maria Galega. Retomam as orações seguidas com Hinários mais rápidos e longos. Houve mais uma pausa em silêncio, neste momento me veio um sentimento de saudade dos familiares, principalmente imagens de minha mãe. Acabei chorando. O ritual finaliza no momento que canta o último Hino, aproximadamente 7:00h.
Me senti bem o tempo todo, No final estava me sentindo tão calmo, leve e com uma sensação de bem-estar incrível.
Maria Galega me revelou no caminho de volta para casa que sentiu um pouco de medo e acabou bloqueando as energias. Mesmo assim, estava calma e serena.
Uma coisa foi certa: foi a primeira vez que rezamos doze horas seguidas!!!



Não percam.

Em breve o próximo episódio Aconteceu de verdade. Será?!!

Abraços, 
Zé Carocinho e Maria Galega

Veja também:
Episódio IEpisódio IIEpisódio IIIEpisódio IV,
Episódio VEpisódio VIEpisódio VIIEpisódio VIII,
Episódio IXEpisódio XEpisódio XIEpisódio XII,
Episódio XIIIEpisódio XIVEpisódio XV,
Episódio XVIEpisódio XVIIEpisódio XVIII,
Episódio XIXEpisódio XXEpisódio XXI,
Episódio XXIIEpisódio XXIIIEpisódio XXIV,
Episódio XXVEpisódio XXVIEpisódio XXVII,Episódio XXVIII